
Está aí a segunda edição da FACA, a Festa de Antropologia, Cinema e Arte, que decorre entre 5 e 8 de Março, na Cinemateca Portuguesa, no Arquivo 237 e no espaço DNA Lisboa.
Trata-se de uma iniciativa do Núcleo de Antropologia Visual e Arte do CRIA – Centro em Rede de Investigação em Antropologia, uma unidade de investigação na qual participam quatro universidades portuguesas, que pretende explorar a transversalidade entre a arte e a antropologia, apostando na convergência desses dois universos. O programa inclui uma mostra de filmes, instalações, performances, exposições e ainda um workshop e uma conferência.
O programa da edição de 2015 dedica especial atenção às culturas indígenas do Brasil, através de uma parceria com o LISA, o conceituado Laboratório de Imagem e Som em Antropologia da Universidade de São Paulo, mas o nosso destaque vai – como não podia deixar de ser – para a sessão de filmes dedicada a África:
Memento Mori
Francisco Leitão | 14’ | Portugal/Marrocos/Senegal/Guiné-Bissau | 2014
Porque é que nos sentimos mais comovidos com a morte de uma máquina grande que de uma máquina pequena? Porque é que um grão de areia nos faz lembrar o cosmos? Uma mulher viaja entre Lisboa e Bissau, entre animais e humanos, entre detalhes e colossos, incapaz de se esquecer da morte, deixando para trás filmes, fotografias e reflexões sobre a ubíqua transcendência da própria viagem e do quotidiano.
Gabinete de Mitologias Lusitanas
Javier Martínez | 9’ | Portugal | 2014
A fotografia e a memória conversam intimamente para reflectir sobre a ocupação colonial portuguesa de África nos últimos 130 anos. O filme é construído a partir de fotografias da expedição político-comercial ao Muantiânvua, liderada por Henrique de Carvalho entre 1884 e 1888, da Exposição do Mundo Português de 1940 e de cartões postais enviados das colónias portuguesas à metrópole nos últimos anos do Estado Novo. A imagem é contextualizada, oferecendo ao público chaves de leitura que situam a fotografia num âmbito histórico-cultural. As fotografias da expedição ao Muantiânvua são acompanhadas pelo texto original do álbum em que foram publicadas no fim do século XIX. O texto que se ouve com as fotografias da Exposição do Mundo Português corresponde à primeira página do Diário de Notícias do dia da inauguração do evento. Finalmente, as imagens dos cartões postais são mostradas enquanto ouvimos o texto neles escrito.
Kora
Jorge Carvalho | 70’ | Portugal / Guiné-Bissau | 2014
Na ficha de catalogação do Museu Nacional de Etnologia de Lisboa resume-se o invulgar objeto mas não se faz ouvir o seu som e toda a história, misticismo, querelas geográficas e percurso etnográfico de um dos mais importantes instrumentos musicais da África Ocidental. O kora é tão importante para esta região africana quanto desconhecido por nós, ocidentais. Motivo de orgulho de nações que nasceram de tribos sem fronteiras, muitas das lendas levam-nos a Kansala, Guiné- Bissau e aos Djidius guineenses, personagens míticos desta sociedade, guardiães e intérpretes da sabedoria dos antepassados e da história épica de África Ocidental. Ouvimos na primeira pessoa as estórias que pulverizam a imaginação de quem as ouve, transportando-nos além tempo numa atmosfera única entre o real e o misticismo, toda uma população que ainda reclama o kora como único e seu.
Quando: Sábado, 7 de Março, 17h00
Onde: Galeria Arquivo 237 (Rua da Rosa, 237, Bairro Alto, Lisboa)
Quanto: entrada livre